Pesquisar neste blogue

sábado, 28 de maio de 2011

Arquitectura na Idade Média (Bizantina, Românica, Gótica)

Arquitectura Românica

O poder real, diminuído na sua autoridade, vai sendo substituído pelo poder dos nobres castelões: o castelo feudal era a única fortaleza que oferecia alguma resistência aos invasores, e as populações aterrorizadas organizavam-se em torno dele. Essa instabilidade colabora para a propagação da crença de que o mundo acabaria no ano 1000. Os homens vivem aterrorizados com a perspectiva do juízo final pregado pela Igreja: temem o caos. A arquitectura reflecte o apocalipse, as pinturas murais apavorantes retratam o pânico que invade a Europa ocidental.

A Igreja fortalece seu poder, aumentando as extensões de terra que dominava até então: chega a possuir um terço de todo o território francês. Crescem as ordens monásticas, e a mais importante, a ordem de Cluny, fundada em 910, na Borgonha, vai estendendo a sua autoridade a ponto de congregar, no início do século XII, 10 mil monges em 1.450 mosteiros espalhados por toda a Europa. A ordem cisterciense, por sua vez, conta com 530 mosteiros sob o seu controlo. A Igreja é a maior instituição desta época.

Nos anos que se seguiram ao ano 1000, reconstruíram-se igrejas em quase toda a Europa cristã. Mesmo quando isso não era necessário, cada comunidade cristã concorria para edificar santuários mais imponentes que as cidades vizinhas. A febre de construção que invadiu a Europa reflecte o espírito da época, e o estilo românico, que caracterizou as artes desde o fim do século X até meados do século XII, sintetiza a história desse período.

Os beneditinos, logo após as primeiras reformas monárquicas, foram os primeiros a colocar nas suas construções as formas originais do românico. Surge assim uma arquitectura abobadada, de paredes sólidas e delicadas colunas terminadas em capitéis cúbicos, que se distância dos rústicos castelos de pedra que davam sequência à linha pós-romana.

A arte românica, cuja representação típica são as basílicas de pedra com duas aspes e torres redondas com várias arcadas, estendeu-se do século XI à primeira metade do século XIII. Estando presente em quase toda a Europa, excepto a França, que já a partir do século XII produzia arte gótica. Apesar da barbárie e do primitivismo que reinaram durante essa época, pode-se dizer que o românico estabeleceu as bases para a cultura europeia da Idade Média.

Foi nas igrejas que o estilo românico se desenvolveu em toda a sua plenitude. Suas formas básicas são facilmente identificáveis: a fachada é formada por um corpo cúbico central, com duas torres de vários pavimentos nas laterais, finalizadas por tectos em coifa. Um ou dois transeptos, ladeados por suas fachadas correspondentes, cruzam a nave principal. Frisos de arcada de meio ponto estendem-se sobre a parede, dividindo a planta.

O motivo da arcada também se repete como elemento decorativo de janelas, portais e tímpanos. As colunas são finas e culminam em capitéis cúbicos decorados com figuras de vegetais e animais. No conjunto, as formas cúbicas de muros e fachadas combinam-se com as cilíndricas. Datam dessa época entre outras, as famosas catedrais de Worms, na Alemanha, St. Sernin de Toulouse, St. Trophyme em Arles, St. Madeleine de Vezelay e a Catedral de Autun, na França, Santo Ambrósio de Milão e a Catedral de Pisa.

    A Arquitectura Românica é caracterizada pela força e solidez das suas igrejas. O elemento essencial é a abóbada de pedra, tijolos e argamassa, em forma de berço, dada pelo arco de plena Cintra (meia circunferência). O seu peso é sustentado por paredes espessas e maciças, com poucas janelas, para não comprometer a estabilidade da construção. Colunas internas e pilastras exteriores - chamadas contrafortes - proporcionam um reforço suplementar. Os pilares e colunas, às vezes formam espinhes - saliências na superfície interna das abóbadas. Os capitéis simples e robustos não obedecem a um estilo definido: são semi-esféricos, cúbicos, trapezoidais, conforme o construtor.

A fachada é simples. Sobre a porta central está o óculo, abertura circular para iluminação e ventilação do interior. O resultado final é sempre um conjunto imponente de interiores sombrios. O estilo românico sintetiza a alma dos homens que o criaram. Por um lado, reflecte o medo que dominava as populações da Europa ocidental; por outro, exprime o profundo sentimento religioso que marcou o período. À medida que o tempo passava e o poder da Igreja aumentava, as construções foram-se tornando mais e mais requintadas. O luxo da Abadia e dos inúmeros mosteiros chegou a tal ponto que motivou protestos dentro da própria Igreja.

Embora o estilo românico tenha dominado a Europa ocidental, unida pela fé, sua arquitectura apresentou, entretanto, variações regionais de acordo com as influências locais diversas, que originaram várias escolas românicas. Na antiga Magna Grécia (Sul da Itália), são comuns as construções de tecto plano, paredes e pisos de mosaico. Em Roma persistem as tradições cristãs primitivas, mantendo-se a planta em cruz latina. Na região de Milão, Como, Pavia, Verona, a arquitectura sofre influências dos lombardos. Na Toscana, mantêm-se as tradições greco-romanas. Em Veneza, a influência bizantina é acentuada. Na França, destaca-se a escola de Borgonha, orientada segundo as tradições da Abadia de Cluny, a de Auvergne, de influência espanhola, a de Perigeux, que utiliza a cúpula bizantina. Na Inglaterra, após a conquista de Guilherme, em 1066, a ascendência é nitidamente normanda. Na Alemanha, a influência lombarda dá origem à escola renana. E, finalmente, na Espanha setentrional misturam-se os estilos cristãos e sarraceno.

Sem comentários:

Enviar um comentário